terça-feira, 22 de junho de 2010

ALERTA IMPORTANTE: o uso abusivo da bebida alcoólica já é considerado um grave problema de saúde pública

O consumo excessivo de bebidas alcoólicas vem crescendo entre os brasileiros e os cearenses também. É o que revela a pesquisa publicada, ontem, pelo Ministério da Saúde, indicando que, em âmbito nacional, a proporção de pessoas que declaram consumir abusivamente álcool cresceu de 16,2% da população, em 2006, para 18,9%, no ano de 2009.

Já na Capital cearense, o estudo aponta um índice de 21,7%, quando, na pesquisa anterior, relativa a 2007, esse percentual era de 19,3%, ou seja, Fortaleza registrou uma elevação de 2,4 percentuais no universo de pessoas que relataram uso exagerado de bebida.

Caracteriza-se consumo excessivo de bebida alcoólica cinco ou mais doses na mesma ocasião em um mês, no caso dos homens, ou quatro ou mais doses, entre as mulheres. Esse tipo de ocorrência é mais comum entre pessoas do sexo masculino. Tanto que, no ano passado, 28,8% dos homens e 10,4% das mulheres beberam além do limite considerável tolerável no País. Os dados fazem parte da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). E o que é pior: consumo de bebida é fator de risco para acidentes de trânsito, violência e doenças.

"Esse crescimento do uso do álcool é preocupante", admite a coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta, para quem o exagero na bebida está muito associado a uma cultura que o vincula ao lazer.

Além de compartilhar dessa tese, o psiquiatra cearense Urico Gadelha alerta que, enquanto o alcoolismo se tornou um problema de saúde pública no País, "assistimos à transmissão de publicidades de bebida alcoólicas em todos os horários".

Os veículos de comunicação, informa, costumeiramente vinculam o beber à capacidade e ao sucesso do usuário, "e até mesmo a possibilidade de se arranjar uma mulher, ou seja, vinculando claramente o álcool ao bom desempenho sexual".

Multifatorial

Urico Gadelha lembra que o excesso de bebida alcoólica pode provocar efeito contrário no desempenho sexual e em outras atividades do cotidiano. Porém, informa que o início do hábito de beber pode trazer certa euforia e uma sensação de bem-estar. "Posteriormente, vem uma situação inversa", comentou, considerando que a dependência é multifatorial, está relacionada a questões pessoais, sociais, à personalidade e ao metabolismo de quem bebe.

Para ele, apesar das consequências negativas do alcoolismo, favorece a ingestão de bebida o fato de ser uma droga lícita, "socialmente consentida e certamente festejada". O ex-presidente da Associação Cearense de Psiquiatria chega a ressaltar ser consenso entre as pessoas que, "numa festa, pode faltar até a orquestra, mas não o álcool".

Assim, além de chamar atenção para o problema do fator cultural que associa lazer e bebida, o psiquiatra recomenda que a dependência seja tratada sem preconceito. "Não devo olhar a questão sob o ponto de vista da moral. O alcoólatra precisa ser tratado como um doente, e não como um sem-vergonha".

TRÂNSITO
Lei Seca ajudou a reduzir acidentes com morte no Ceará

A pesquisa divulgada, ontem, aponta que quase um quinto da população brasileira exagera nas bebidas alcoólicas, conforme dados levantados por telefone em entrevistas com 54 mil adultos do País. O estudo mostra, também, que a "Lei Seca", que reduziu a zero a tolerância entre álcool e direção, contribuiu para reduzir significativamente as mortes no trânsito.

Estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE) indicam que de 19 de junho de 2007 a 18 de junho de 2008, foram registrados 19.742 acidentes no Estado; já de 19 de junho de 2008 a 18 de junho de 2009 foram 21.407 acidentes. Já o número de eventos com vítimas fatais no primeiro período ficou em 1.378 e em 1.260 no segundo, ou seja, queda de 8,56%. "O percentual de acidente sem vítimas só subiu porque há um acréscimo na frota de 11% ao ano", disse Lorena Moreira, diretora de Planejamento do Detran-CE.

Após dois anos de vigência da legislação, as mortes, no Brasil, caíram 6,2% no período de 12 meses quando comparado aos 12 meses anteriores à lei. Esse índice representa 2.302 mortes a menos em todo o País, reduzindo de 37.161 para 34.859 o total de óbitos causados pelo uso de álcool no trânsito.

No Ceará, de acordo com Lorena Moreira, no dia 20 junho de 2008, quando a Lei Seca entrou em vigor, o Detran dispunha apenas de dois bafômetros. "A gente se preparou. Hoje, estamos com 64 bafômetros em todo o Estado", disse, acrescentando que desde o início da aplicação da lei até hoje já foram multados 17.149 condutores só pelo órgão (ou seja, excluindo-se aqueles que foram multados pela Polícia Rodoviária Federal). Desses, 7.647 tiveram sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa.

Depois da Lei Seca, as blitze já realizadas no Ceará chegam a 3.240 e acontecem prioritariamente em Fortaleza, Juazeiro do Norte, Caucaia e Iguatu, onde os estudos apontam maior incidência do uso de álcool entre os motoristas.

Para a Secretaria da Saúde do Estado, o uso abusivo do álcool é um grave problema de saúde pública, adianta a assessoria de imprensa da Sesa. Até porque é uma questão que está associada à epidemia da violência. Tanto é assim que a Sesa vem buscando traçar programas e ações com várias outras instituições e órgãos, como a Secretaria de Saúde do Município, para minimizar os efeitos do uso dessa droga lícita.

De acordo com a pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, o consumo abusivo de bebida alcoólica é mais comum entre os jovens de 18 a 24 anos de idade (23%). À medida em que a idade avança, cai o uso de bebida. De 45 a 54 anos e de 55 a 64 anos, 17% e 10,5% dos ouvidos admitiram que beberam em excesso, respectivamente.

Fiscalização

Ao ser parado por uma fiscalização e submetido ao exame de alcoolemia, se o resultado for positivo, o motorista tem sua carteira retida. No dia seguinte, ele pode retornar ao Detran para apanhar o documento e passa a aguardar o resultado de um processo administrativo.

No Ceará e nos demais estados do País, o uso do álcool é bastante associado ao lazer. Em quantidade excessiva, contudo, provoca doenças, problemas familiares, no ambiente do trabalho, registros de violência, muitas vezes seguidos de óbitos.

Fonte: Jornal Diario do Nordeste
MOZARLY ALMEIDA
REPÓRTER

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