segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ECONOMIA DOS SETORES POPULARES

Segundo dados oficiais mais de 40 milhões de brasileiros vivem na informalidade, ou seja, fora do mercado de trabalho não têm emprego formal, sobrevivem graças a atividades precárias, os chamados “bicos”, como autônomos ou trabalhadores por conta própria, representando cerca 60% da população economicamente ativa que não contribuem para a previdência social e, portanto sem o amparo da maioria dos benefícios sociais.

Este quadro mostra a realidade de quanto é grave a desigualdade em nosso país, já que esse contingente de trabalhadores sobrevive na precariedade, pois o trabalho é precário, a renda é precária, a saúde é precária, a moradia é precária, enfim a vida é precária.

Excluídos do mercado de trabalho, pois o sistema econômico vigente os deixa de fora por não atenderem aos seus interesses, se ressentem dessa exclusão e vão sobrevivendo numa reprodução da vida sem perspectiva alguma de mudança para melhor.

Assim, já que esse sistema econômico não consegue atender a esses desprotegidos, necessário se faz que se busque outra forma possível que possa vir a sanar esse grave quadro de desigualdade social. Surge então incorporado ao pensamento da economia solidária, um movimento denominado economia dos setores populares, para atuar justamente nas classes de trabalhadores mais carentes, pois é nessas camadas chamadas de populares, quer no meio rural ou urbano, que a falta de oportunidade de trabalho mais se manifesta, trazendo consigo todas as suas graves conseqüências.

A partir dos anos 80, pensadores da ecosol incorporados a Instituições Sociais começaram a se movimentar mais em torno dos chamados Projetos Alternativos Comunitários. Um bom exemplo foi o trabalho desenvolvido pela Cáritas Brasileira, organização da Igreja Católica, que vem de forma consistente apoiando inúmeros empreendimentos associativos de cunho comunitário.

Nessa época essas iniciativas tinham pouca visibilidade e não despertavam grandes atenções. Eram consideradas ações isoladas de movimentos vindos de entidades assistências ou filantrópicas de setores ligados a instituições religiosas e se caracterizavam por fazer esse trabalho de formiga em lugares mais isolados ou abandonados, orientado para os mais necessitados e os mais empobrecidos do nosso país.

Aos poucos, essas ações vão ganhando visibilidade, em especial no aspecto social. E agora já no aspecto político, ganha força o conceito da economia solidária como um instrumento centrado não nos mandamentos do capitalismo, mas sim na força de trabalho organizado de forma coletiva, onde todos detêm os meios de produção e tomam as decisões de forma colegiada, ou seja, “uma cabeça um voto”, trazendo a oportunidade desses trabalhadores se organizarem e assim deixarem para trás a precariedade da vida.

Exemplos não faltam. Com a criação em 2003 da Secretaria Nacional de Economia Solidaria, dentro do Ministério do Trabalho e a partir de um trabalho sistematizado passou-se a ter números de quantos são os empreendimentos coletivos espalhados pelo Brasil. Passam de 22 mil atuando de diversas maneiras no meio rural e urbano dos municípios, gerando trabalho para cerca de 1.25 milhões de postos de trabalho quer formalizados através de Cooperativas ou Associações, ou mesmo ainda sem registro legal, prevalecendo a existência do real e debruçados na produção e na comercialização dos mais variados tipos de bens, sendo gestores do seu próprio negócio, dividindo de forma equitativa os ganhos, enfim uma relação de trabalho mais humana e que privilegia acima de tudo a felicidade pessoal.

Hoje são inúmeras as organizações que se dedicam ao trabalho de incentivo a criação e manutenção desses empreendimentos coletivos, atuando como incubadoras, fornecendo orientação e assessorando nos primeiros momentos das suas existências.

Destacamos aqui a Fundação Banco do Brasil que em parceria com várias organizações da sociedade civil, vem através de um amplo programa de geração de trabalho e renda, dentro dos conceitos e fundamentos da economia solidária, contribuindo com o desenvolvimento local e sustentável de um número considerável de grupos organizados em vários estados do nosso país.

Portanto o desenvolvimento de ações com vistas a consolidar a economia dos setores populares junto a grupos de trabalhadores em risco social, merece a atenção das pessoas que, sensíveis aos números que retratam bem o quadro de desigualdade social em nosso país, desejem atuar no sentido de minorar essa questão.

Daí, que tal o PHS fazer jus aos seus princípios e clamar: “ECOSOL-MÃOS Á OBRA”?

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